Alguns podem falar que o presidente Jair Bolsonaro está certo, quando diz que o pior vírus vai ser o econômico. Outros podem defender a tese de que é melhor todos ficarem em casa. Mas antes mesmo das medidas do Governo Federal para tentar salvar a Economia, algumas empresas começaram a chamaram os seus funcionários para rescisão contratual. Uma delas é a Viação Cometa. A tendência é de aumentar o número de desempregados no Brasil, por causa da paralisação para evitar a propagação do Coronavírus.
Em Jundiaí, a Viação Cometa já fechou a sua agência de venda de passagens da rua Barão do Rio Branco, na Vila Arens. Na semana passada o “Jornal da Região” anunciou a suspensão de todos os horários da empresa que partiam da Rodoviária da avenida Nove de Julho até a Barra Funda, na Capital. E novas medidas estão sendo adotadas pela empresa, para tentar equilibrar as finanças. A última alternativa tem sido das demissões.
Apesar de não falar em números, a Viação Cometa explica em nota enviada ao jornal que já vinha registrando – desde o início do ano -, quedas nos números de passageiros.
Foram necessárias “adequações no quadro de colaboradores” (anterior à redução da demanda da última semana). Um vídeo vem circulando nas redes sociais mostrando os motoristas sendo demitidos. A cena chega a comover muita gente.
Efeito Coronavírus
A Viação Cometa informou ao “Jornal da Região” que, quanto à “pandemia do Coronavírus, está impactando de forma direta o setor. A empresa está buscando medidas para a manutenção dos empregos”. Mas, sem viagens, não tem faturamento. Sem faturamento, não terá como pagar os salários, combustíveis e manutenção da frota.
Em Jundiaí as empresas de ônibus urbanos também foram afetadas pela queda no número de passageiros. Mas nenhuma medida foi adotada até agora. Os trabalhadores com mais de 60 anos foram afastados de suas funções automaticamente, já que se enquadram no grupo de vulnerabilidade para o vírus.
Onda de demissões
Em grupos de comerciantes de Jundiaí eles também estão discutindo o que fazer daqui para frente. A tendência é de demissões.
Um dos comerciantes comentou que terá de fechar uma das lojas que possuí na cidade e haverá demissões dos funcionários, já que paga aluguel e não teve vendas desde o início dessa pandemia.
A dona de um restaurante comentou que, além de perder todos os alimentos que comprou para a semana toda, não vai poder aproveitá-los quando tudo isso acabar, porque são perecíveis. Outro problema que ela enfrenta é com a imobiliária, que não aceitou negociação e disse que deve pagar de todo jeito o aluguel “inteiro”, no dia combinado. Do contrário, haverá multas e juros.
Na cidade de Louveira, os donos da lanchonete Subway resolveram dar cerca de 100 lanches para a Guarda Municipal e funcionários da saúde, porque não queriam perder tudo o que tinham comprado. O comandante da Guarda, Jailson Batista, agradeceu os comerciantes Pedro Fereira da Silva e sua esposa Camile. Mas lamentou que a situação tenha chegado nesse ponto. “O ato de doar o que poderia ainda ser vendido a preços mais baixos, foi muito nobre nestes tempos sombrios”, comentou Jailson. O casal chegou a fazer uma oração, pedindo a Deus por dias melhores.
Em São Paulo, um dono de restaurante, que está na mesma situação da comerciante jundiaiense, chegou a chorar durante entrevista para repórter da CNN Brasil. Ele disse na matéria que os funcionários são todos como se fossem da sua família. Mas vai ter que demitir todo mundo. A comida que comprou para a semana também terá que se desfazer, porque o Governo do Estado proibiu restaurantes self-service de receberem clientes. Nem mesmo o distanciamento entre mesas foi permitido. A Associação dos donos de restaurantes da Capital vem reivindicando do governador João Doria uma flexibilização, para que todos não acabem indo à falência.