Ministério da Defesa

GERAL

Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica pedem volta da harmonia

(FOLHAPRESS) – Em nota conjunta nesta sexta-feira (11), os comandantes de Marinha, Exército e Aeronáutica trataram dos atos pelo país que pedem um golpe militar após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) para o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

“São condenáveis tanto eventuais restrições a direitos, por parte de agentes públicos, quanto eventuais excessos cometidos em manifestações que possam restringir os direitos individuais e coletivos ou colocar em risco a segurança pública; bem como quaisquer ações, de indivíduos ou de entidades, públicas ou privadas, que alimentem a desarmonia na sociedade”, afirmam em nota.

A nota é assinada pelo almirante Almir Garnier Santos (Marinha), pelo general Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e pelo tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica).

Manifestantes estão reunidos em frente a quartéis desde o fim do segundo turno, em protesto contra a vitória de Lula.

Os atos pedem intervenção das Forças Armadas contra o resultado eleitoral.

Na quinta (10), como mostrou a Folha de S.Paulo, o comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou aos generais da Força que as manifestações em frente aos quartéis não devem ser reprimidas pelos batalhões.

Na avaliação da cúpula do Exército, os atos são permitidos pela Constituição e, por mais que possam gerar distúrbios nas regiões militares, não devem ser encerrados por força.

A orientação foi repassada durante uma reunião que o Exército tradicionalmente realiza para o encerramento do ano de instrução, na qual a análise das ações realizadas pela Força é repassada ao generalato.
As últimas horas têm sido acompanhadas com apreensão por generais da cúpula do Exército.

Em conversas reservadas, os oficiais têm argumentado que o relatório do Ministério da Defesa sobre o processo eleitoral trouxe conclusões técnicas, e não políticas.

O documento, entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na quarta (9), não aponta nenhum indício de fraude nas eleições, mas apresenta sugestões e pede a apuração sobre o momento da compilação dos códigos-fontes e a geração dos programas eleitorais.

Por outro lado, alguns generais consideraram inadequada a nota divulgada pela Defesa, que diz não descartar a possibilidade de fraude nas eleições.

“Não é possível assegurar que os programas que foram executados nas urnas eletrônicas estão livres de inserções maliciosas que alterem o seu funcionamento”, escreveu a pasta.

A fiscalização do pleito feita pelo Ministério da Defesa foi usada por Bolsonaro para alimentar teorias da conspiração sobre fraudes nas urnas eletrônicas.

No âmbito político, aliados de Bolsonaro aprovaram o comportamento do Ministério da Defesa de emitir a nota desta quinta e dizem acreditar que ela é importante para manter a mobilização bolsonarista pelo país.

Além disso, a análise é que o relatório fortalece Bolsonaro na oposição e indica que o presidente manterá mesmo fora do governo o discurso -sem provas- de que o sistema eletrônico de votação não é confiável.

LEIA ÍNTEGRA DA NOTA

“Às Instituições e ao Povo Brasileiro

Acerca das manifestações populares que vêm ocorrendo em inúmeros locais do País, a Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira reafirmam seu compromisso irrestrito e inabalável com o Povo Brasileiro, com a democracia e com a harmonia política e social do Brasil, ratificado pelos valores e pelas tradições das Forças Armadas, sempre presentes e moderadoras nos mais importantes momentos de nossa história.

A Constituição Federal estabelece os deveres e os direitos a serem observados por todos os brasileiros e que devem ser assegurados pelas Instituições, especialmente no que tange à livre manifestação do pensamento; à liberdade de reunião, pacificamente; e à liberdade de locomoção no território nacional.

Nesse aspecto, ao regulamentar disposições do texto constitucional, por meio da Lei nº 14.197, de 1º de setembro de 2021, o Parlamento Brasileiro foi bastante claro ao estabelecer que: ‘Não constitui crime […] a manifestação crítica aos poderes constitucionais nem a atividade jornalística ou a reivindicação de direitos e garantias constitucionais, por meio de passeatas, de reuniões, de greves, de aglomerações ou de qualquer outra forma de manifestação política com propósitos sociais’.

Assim, são condenáveis tanto eventuais restrições a direitos, por parte de agentes públicos, quanto eventuais excessos cometidos em manifestações que possam restringir os direitos individuais e coletivos ou colocar em risco a segurança pública; bem como quaisquer ações, de indivíduos ou de entidades, públicas ou privadas, que alimentem a desarmonia na sociedade.

A solução a possíveis controvérsias no seio da sociedade deve valer-se dos instrumentos legais do estado democrático de direito. Como forma essencial para o restabelecimento e a manutenção da paz social, cabe às autoridades da República, instituídas pelo Povo, o exercício do poder que ‘Dele’ emana, a imediata atenção a todas as demandas legais e legítimas da população, bem como a estrita observância das atribuições e dos limites de suas competências, nos termos da Constituição Federal e da legislação.

Da mesma forma, reiteramos a crença na importância da independência dos Poderes, em particular do Legislativo, Casa do Povo, destinatário natural dos anseios e pleitos da população, em nome da qual legisla e atua, sempre na busca de corrigir possíveis arbitrariedades ou descaminhos autocráticos que possam colocar em risco o bem maior de nossa sociedade, qual seja, a sua Liberdade.

A construção da verdadeira Democracia pressupõe o culto à tolerância, à ordem e à paz social. As Forças Armadas permanecem vigilantes, atentas e focadas em seu papel constitucional na garantia de nossa Soberania, da Ordem e do Progresso, sempre em defesa de nosso Povo.

Assim, temos primado pela Legalidade, Legitimidade e Estabilidade, transmitindo a nossos subordinados serenidade, confiança na cadeia de comando, coesão e patriotismo. O foco continuará a ser mantido no incansável cumprimento das nobres missões de Soldados Brasileiros, tendo como pilares de nossas convicções a Fé no Brasil e em seu pacífico e admirável Povo.

Brasília/DF, 11 de novembro de 2022

Almirante de Esquadra ALMIR GARNIER SANTOS
Comandante da Marinha

General de Exército MARCO ANTÔNIO FREIRE GOMES
Comandante do Exército

Tenente-Brigadeiro do Ar CARLOS DE ALMEIDA BAPTISTA JUNIOR
Comandante da Aeronáutica”

Um caça conseguiu fazer avião aterrissar em Jundiaí. FOTO: REPRODUÇÃO
CIDADES

FAB intercepta avião em Jundiaí

Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) interceptou no final da tarde desta quarta-feira uma aeronave que sobrevoava Jundiaí e ordenou a aterrissagem imediata, do contrário seria abatida.

As primeiras informações dão conta de que o piloto do avião não tinha apresentado Plano de Voo.

O Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), em Curitiba, expediu a ordem para o super tucano da FAB fazer o avião suspeito aterrissar de qualquer maneira.

O piloto obedeceu a ordem depois de alguns minutos de acompanhamento. O avião foi apreendido para investigação e o Aeroporto de Jundiaí interditado até a conclusão dos trabalhos do Ministério da Defesa.

Aeronaves de outras cidades foram proibidas de usar o tráfego aéreo sobre Jundiaí por cerca de uma hora.

O Ministério da Defesa, em Brasília, informou ao Jornal da Região que a FAB vem controlando o espaço aéreo brasileiro e, no momento não pode dar mais informações.

FOTO ILUSTRATIVA