Não houve acordo entre os trabalhadores dos Correios e a direção da empresa, em audiência no Tribunal Superior do Trabalho (TST), nesta sexta-feira (11) e uma nova mesa de negociações foi marcada para o dia 21 deste mês.
Os trabalhadores reivindicam manutenção de acordo coletivo, com 70 cláusulas que deixaram de vigorar, dentre elas licença-maternidade de 180 dias, pagamento de horas extras por serviços noturnos, auxílio creche e até indenização por morte.
Os Correios alegam que atenderam muitos dos pedidos dos trabalhadores, mas revogou algumas medidas por causa da pandemia do Coronavírus. No STF a empresa teve reconhecida a decisão de cortes.
A greve já dura 25 dias e não existe previsão para retorno ao trabalho.
Queixas
Vários leitores enviaram reclamações de que não recebem encomendas feitas há mais de um mês. Eles comentam que estão tendo prejuízos.
Um leitor do Jardim Guanabara, em Jundiaí, disse que foi até o Centro de Distribuição implorar para entregarem sua encomenda, mas não teve jeito. “Está do lado da minha casa e não posso retirar”, disse.
Outro leitor sugeriu aos Correios para levar todas as encomendas de Sedex para o Centro, para que a própria população vá fazer retiradas.
O Procon informou que quem está tendo prejuízo com a greve pode entrar com queixa no órgão e até mesmo na Justiça.
Em nota, os Correios afirmam: ” A intransigência das entidades representativas, que tornaram a greve uma prática quase anual, está prejudicando não só o funcionamento da empresa, mas, essencialmente, a população brasileira.”
Nota da Federação dos Carteiros
Terminou agora a pouco reunião de conciliação convocada pela ministra do TST Kátia Arruda. A reunião deu início com a ministra fazendo resgate históricos das negociações dos Correios e seus desdobramentos, e questionando a direção da empresa sobre a manutenção das cláusulas sociais que não têm impacto econômico. A resposta da direção foi a de que não havia interesse por parte da empresa nessas cláusulas, e que a proposta já garantia tudo o que está previsto na legislação. Com isso, novamente a empresa demonstrou arrogância e alinhamento à política de Bolsonaro e Guedes, ou seja, nenhum escrúpulo com a retirada de direitos dos trabalhadores.
A reunião transcorreu com representantes da FENTECT e o advogado que fizeram a contestação das afirmações da direção da ECT de equilíbrio fiscal, mostrando que a mesma vem tendo lucros em anos sucessivos e que já no primeiro semestre já aferiu mais de R$ 600 milhões de lucro. No segundo semestre, a tendência é dobrar o lucro e, dado esse cenário, as alegações da ECT de que passa por dificuldades financeiras não são verdadeiras e se pautam no único objetivo de destruir direitos já conquistados pelos trabalhadores.
O procurador geral do Trabalho, Luiz Flores, também apelou aos representantes da empresa que fizessem uma proposta para fechamento de acordo. Mas em mais uma demonstração de arrogância e desprezo pela boa fé em uma negociação, a direção da ECT afirmou que a única proposta que eles tinham para os trabalhadores era aquela já conhecida com apenas 9 cláusulas.
Sem negociação por parte da empresa, a ministra Kátia Arruda encerrou a reunião afirmando que a data para julgamento do dissídio coletivo será no próximo dia 21/09, e deu 5 dias para as manifestações dos advogados no processo.
A FENTECT já esperava essa postura irresponsável do general Floriano Peixoto, que desde o início atuou para atacar e acabar com os direitos dos trabalhadores e vem cumprindo à risca seu papel para sucatear e destruir a estatal, abrindo caminho para a privatização e entrega desse patrimônio nacional para mão do capital privado internacional (Amazon, Alibaba, Fedex, DHL e Jade Log).
A FENTECT orienta os trabalhadores na manutenção e ampliação da greve, que completa hoje 25 dias, para que possamos através da nossa luta e união dos sindicatos derrotar os ataques do general Floriano Peixoto e a política entreguista do governo Bolsonaro.