Grupo de voluntários, em parceria com o Hemocentro da Unicamp, promove campanha no dia 4 de junho em Jundiaí. Registro Nacional precisa de mais jovens para melhorar as chances dos resultados. Por isso, a ação é voltada para jovens e adultos na faixa de 18 a 35 anos.
A chance de encontrar um doador de medula óssea compatível entre pessoas sem laço de parentesco é de uma em 100 mil. Entre pessoas da mesma família, a probabilidade é de 25%. Estes dados do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) reforçam que, quanto maior o número de doadores cadastrados, maiores as chances de salvar vidas, já que o transplante de medula óssea, para muitos portadores de leucemias e outras doenças do sangue, é a única esperança de cura.
Embora quem já seja cadastrado possa ser doador até os 55 anos, o limite de idade para novos cadastros foi alterado de 55 para 35 anos. Entre os motivos da mudança, segundo o Redome, está a indicação, por estudos científicos, de que doadores mais jovens melhoram os resultados do transplante com doador que não seja parente. “A chance de doadores acima de 35 anos serem selecionados é menor do que a de doadores mais jovens. Por isso, temos um grande desafio de engajar os jovens a partir dos 18 anos para se tornarem doadores voluntários”, explica Sueli Silva, coordenadora do grupo Medula Jundiaí, que organiza a campanha a ser realizada em 4 de junho em Jundiaí, em parceria com o Hemocentro da Unicamp.
Cada hemocentro possui uma cota de cadastramento, estabelecida pelo Ministério da Saúde. Para esta campanha, serão 500 cadastros.
A jundiaiense Julia Ohana, de 17 anos, foi diagnosticada aos quatro anos com uma doença congênita rara, Agranulocitose, que afeta a produção de glóbulos brancos, responsáveis pelo sistema imunológico do organismo. Por não ter essa defesa natural no organismo, Julia vive sob cuidados o tempo todo: faz acompanhamento no Centro Boldrini, em Campinas; toma medicamento de uso contínuo e, há mais de um ano, está na fila para um transplante de medula óssea, que pode representar a cura para sua doença.
Mesmo com campanhas capitaneadas por sua mãe, Jessica Sartori, no Brasil e até no exterior, que ajudou a ampliar o número de cadastrados no Redome, Julia ainda não encontrou um doador 100% compatível. Nem o irmão da adolescente, Gabriel, de 8 anos, pode ser seu doador. Na ocasião de seu nascimento, a expectativa da família era grande, já que as chances de compatibilidade entre aparentados são de 25%. Mas um teste feito a partir do cordão umbilical apontou apenas 49% de compatibilidade, derrubando as esperanças de cura de Julia à época.
Mesmo com as restrições da doença, Julia tenta levar uma vida típica de adolescente: namora, estuda e adora leitura; e a mãe, deixou um emprego de carreira promissora quando as intercorrências de Julia, ainda pequena, demandavam 100% do tempo de Jessica, que ainda hoje tem a maior parte de sua rotina dedicada à filha.
[videopress dDkD9iIj]
Quem pode ser doador?
Para se cadastrar como doador, é preciso ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado geral de saúde, não ter doença infecciosa ou incapacitante e comparecer ao local da campanha alimentado, munido de RG, CPF e, quem tiver, o Cartão Nacional de Saúde (CNS). O uso de máscaras é obrigatório. No dia do cadastro, será coletada uma amostra de sangue de aproximadamente 10 ml, que será submetida a um teste de laboratório para identificação das características do doador.
O resultado do exame e os dados pessoais serão incluídos no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). Caso haja compatibilidade entre os dados genéticos de doadores e pacientes, o doador será convocado para fazer novos exames. Uma vez confirmada a compatibilidade e o estado de saúde do doador, ele será convidado a fazer a doação. (10/05/2022)
Serviço
Campanha de Doação de Medula Óssea
Dia 04/06/2022, das 10 às 14 horas
Paróquia São João Bosco – Av. Benedito Castilho de Andrade, 1091, Eloy Chaves, Jundiaí
Instagram: @medula.jundiai e Facebook: www.facebook.com/medula.ossea.37
Todos os protocolos de saúde relacionados à Covid-19 serão seguidos.
Mais dados
O transplante de medula óssea é uma modalidade de tratamento indicada para doenças relacionadas com a fabricação de células do sangue e com deficiências no sistema imunológico. Cerca de 80 doenças em diferentes estágios e faixas etárias podem ser tratadas a partir do transplante. Os principais beneficiados são pacientes com leucemias originárias das células da medula óssea, linfomas, doenças originadas do sistema imune em geral, dos gânglios e do baço, e anemias graves (adquiridas ou congênitas). Outras doenças, não tão frequentes, também podem ser tratadas com transplante de medula, como as mielodisplasias, doenças do metabolismo, doenças autoimunes e vários tipos de tumores.
O Redome possui mais de 5,4 milhões de doadores voluntários e é, hoje, o terceiro maior registro do mundo. Os dados de cadastros de novos doadores, no entanto, vêm diminuindo a cada ano: de 291 mil novos cadastros em 2019, o Redome registrou pouco mais de 170 mil em 2021, uma queda de pouco mais de 41%.
A média de pacientes que procuram um doador de medula óssea compatível hoje é de 650 pessoas no Brasil.
Fontes: Inca e Redome.