Após a decisão de doar os órgãos do paciente Valdir Carrer, de 62 anos, eletricista mecânico aposentado, o filho Danilo Carrer e a esposa, Juliana Sipe, estiveram no Hospital São Vicente de Paulo (HSV) neste final semana, para se despedir do doador. A ação dos familiares emocionou toda a equipe do Pronto Socorro Adulto.
“Após um mal súbito ele teve um aneurisma cerebral e infelizmente veio a falecer. Meu pai teve uma vida de doação ao próximo, de amor, carinho e respeito, sempre fazendo o que podia pelas pessoas. Ele nunca mencionou, mas nós sabíamos que essa seria a vontade dele e que, acabou se tornando a nossa também. O sentimento é de tristeza e alegria ao mesmo tempo. Ele estará vivo em outras pessoas agora”, conta o filho.
Os órgãos captados para doação foram: córneas, rins e o fígado do paciente. A família aproveitou o momento para conscientizar a população sobre a importância da ação. “O ‘Vardi’, como chamávamos ele, foi um homem de coração puro, muito querido para todos que o conheciam, paixão dos netos e de toda a família. Não temos dúvidas, também seremos doadores”, afirma a nora, Juliana.
Desde 2008 o HSV conta com a Comissão Intra Hospitalar de Transplante (CIHT), que dentre outras ações, identifica potenciais doadores de órgãos, acolhe e conversa com as famílias sobre a possibilidade de doação, realiza a remoção dos órgãos e encaminha à Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) de São Paulo. De acordo com dados do Ministério da Saúde, até o final de 2018, 40.487 pessoas aguardavam por um transplante de órgão no Brasil. Dentre os órgãos sólidos, a espera por um rim é a que tem maior fila, com 27.952; seguida de fígado, com 1.757; e pâncreas/rim com 548. Na fila de córneas, 9.606 pessoas aguardam pelo tecido ocular. Desde janeiro deste ano até o momento, a CIHT do HSV captou oito órgãos.
As pessoas que têm interesse em doar seus órgãos, devem ter um diálogo franco com a família, deixando claro seu desejo. Pois apenas os familiares é que podem autorizar a doação de órgãos após a constatação clínica e criteriosa de morte encefálica. O tempo de retirada de cada órgão e transplante deste em outra pessoa, chamado tempo de isquemia, é fator fundamental para o sucesso do procedimento. Por exemplo, coração pode demorar até 4 horas; pulmão de 4 a 6 horas; rim é de 48 horas; fígado 12 horas e pâncreas 12 horas.
O gesto de amor da família do Sr. Carrer, acende a esperança de vida e a oportunidade de recomeço para muitas pessoas que precisam de doação.