VARIEDADES

Kali Uchis faz show quente e suado no Lollapalooza

LUCAS BRÊDA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Kali Uchis estreou no Brasil cantando para uma multidão no palco principal do Lollapalooza, que acontece entre esta sexta (24) e domingo (26), no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Ela foi vista não só por seus admiradores, mas também fãs de Billie Eilish, atração principal do dia, acampados desde cedo em frente ao palco.

Em certa altura, já visivelmente suada, Uchis pausou um discurso que fazia para pedir uma toalha e se secar. Tão quente quanto o calor que fez em Interlagos é o repertório da cantora, que faz uma música romântica moderna, em que privilegia desejo e prazer à sofrência -ainda que flerte com ela algumas vezes.

Acompanhada apenas por dançarinos e sonoridades pré-programadas, sem banda, como é comum na música pop contemporânea, ela fez show sereno. Sua voz é suave e hipnotizante, o que se reflete na estética das músicas, feitas mais para cantar junto do que dançar, pular ou gritar.

Uchis despontou no cenário musical em 2018, com o álbum “Isolation”, com participação de estrelas do hip-hop e do R&B da costa oeste dos Estados Unidos, entre eles Steve Lacy, guitarrista do The Internet, Thundercat e Tyler the Creator, além da britânica Jorja Smith.

O sucesso foi solidificado com “Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios)”, disco de 2021 em que ela explora a influência de sua ascendência latina. Uchis nasceu nos Estados Unidos, mas foi criada entre o país e a Colômbia, terra de seus pais.

É de “Sin Miedo” sua música mais popular, “Telepatía”, que ela cantou já na abertura do show. Sob os gritos de “gostosa”, Uchis emendou trechos de participações em canções alheias, incluindo as românticas “See You Again”, de Tyler the Creator, e “Get You”, de Daniel Caesar.

A sensualidade e o romance são elementos fundamentais na arte da cantora, algo que no palco explora a partir do domínio do próprio corpo. Usando saia curtíssima e top, com botas peludas, ela dançou agachando em frente a um ventilador, mostrando as pernas, rebolando e passando as mãos pelo corpo.

Seu álbum mais recente, “Red Moon in Venus”, ocupou a maior parte do repertório. O trabalho, lançado no começo deste mês, contudo, ainda não teve tempo suficiente para cair na boca do povo, que mais assistiu do que interagiu com as faixas novas.

Foi assim com “Fantasy”, tocada ainda no começo e emendada com um trecho de “Tyrant”, essa mais antiga. “Dead to Me”, tocada em seguida, com letra de desprezo ao ex no estilo de “Kill Bill”, sucesso recente de SZA, fez a alegria dos fãs mais antigos, também agraciados com um trecho de “Melting”, lançada em 2015, no álbum de estreia da artista.

Ao longo do show, Uchis acabou muitas vezes preterindo o próprio repertório para encaixar trechos de participações ou covers.

Ela cantou clássicos do reggaeton, como “Pobre Diabla”, de Don Omar, e “Papi Chulo”, de Lorna, músicas interessantes que expandem seu universo, mas pouco conhecidas do público.

A plateia brasileira recebeu tratamento especial em relação à chilena e argentina, onde ela cantou nas respectivas edições do Lollapalooza este mês. Isso porque ela incluiu duas faixas diferentes no show de São Paulo, “De Nadie” e “No Hay Ley”.

Uchis encerrou como começou, em alta temperatura, com “I Wish Roses” e “After the Storm” -esta última um soul vintage acompanhado pelo coro da plateia paulista. Saiu do palco carregada pelos dançarinos, se despedindo do público.

FOTO: EDUARDO MARTINS / AGNEWS